domingo, 29 de março de 2009

A LINGUAGEM DE MOURAZ


De entre os elementos mais marcantes da identidade cultural do povo de Mouraz destacam-se regionalismos de natureza lexical, resultantes de um processo gradual de alterações semânticas, ou decorrentes da conservação de vocábulos antigos que noutras regiões do país foram sendo abandonados. Aquele processo foi determinado pelo isolamento a que as populações locais estiveram sujeitas até ao século passado, devido à falta de meios de comunicação e de transporte, e também pelo seu baixo nível de escolarização. São estes factores, aliados às diferenças históricas de tutela e de organização administrativa, a que já fizemos referência em outros capítulos, que explicam as grandes diferenças a nível fonético que ainda há poucas décadas se notavam nos modos de falar das populações vizinhas de Tonda, Vila Nova da Rainha e Nagosela, em relação às de Mouraz. Por exemplo, as palavras fogo, sachola, mesa e dentro, que em Mouraz se pronunciavam de forma regular, as gentes daquelas outras freguesias pronunciavam “fôago”, “sachuola”, “miesa” e “dientro”.
São inúmeros os termos e variantes do falar próprio de Mouraz utilizados na linguagem corrente local, na sua maioria corruptelas, que têm vindo a cair em desuso sobretudo ao longo das últimas três a quatro décadas do século XX.

In Mouraz História e Memórias, António Fernando Dias de Almeida